quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Agrotóxicos são ameaça no Aquífero Guarani


Método detecta agrotóxicos na água e no solo de áreas do Aquífero Guarani – Pesquisas feitas em parceria IQ-Embrapa concentraram-se na divisa de Goiás e Mato Grosso

Métodos simples e econômicos para determinar a presença de agrotóxicos na água e no solo das áreas de recarga do Sistema Aquífero Guarani (SAG) acabam de ser desenvolvidos e validados pelo Instituto de Química (IQ) da Unicamp, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente de Jaguariúna (SP). O SAG é o maior reservatório de águas subterrâneas da América do Sul e o terceiro do planeta, localizando-se em sua quase totalidade no território brasileiro e se estendendo até a Argentina, Uruguai e Paraguai. As áreas de recarga são aquelas de afloramento das águas que, próximas à superfície, estão mais sujeitas à contaminação.

Lais Sayuri Ribeiro de Morais, autora da tese de doutorado orientada pela professora Isabel Cristina Sales Fontes Jardim, concentrou suas pesquisas na região das nascentes do rio Araguaia, na divisa de Goiás e Mato Grosso. “A escolha se deve à expansão dos cultivos de soja e de milho na região e ao uso também crescente de agrotóxicos, o que pode comprometer o aquífero. Estima-se que apenas 0,1% do agrotóxico aplicado em cultivos atinja seu alvo; o restante penetra no ambiente contaminando solo, água e ar”.

A pesquisadora explica que agrotóxicos depositados no solo podem ser transportados até as águas subterrâneas principalmente por meio de degradação, adsorção e lixiviação. A avaliação dos níveis desses produtos ganha relevância devido à existência de outras regiões de recarga do Aquífero Guarani sob risco de contaminação, como nos estados de São Paulo (cultura de cana-de-açúcar), Paraná (milho), Santa Catarina (maçã) e Rio Grande do Sul (arroz).

Segundo a professora Isabel Jardim, a parceria com a Embrapa foi motivada pela ausência de métodos atualizados e confiáveis para determinação de agrotóxicos em água e solo, mesmo depois que a Anvisa criou o Programa de Monitoramento de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), em 2001. “Nosso laboratório já desenvolveu métodos para frutos que precisam passar por análises rigorosas quando exportados, evitando-se o risco de devolução pelos países importadores. Agora surge a preocupação com o aquífero, devido a possível contaminação ambiental e danos à saúde humana”. Continue lendo!

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